A bússola é um objeto muito eficiente, mas confesso que é bastante difícil de usar, mas nada melhor do que treinar para aperfeiçoar o seu uso e para deixar o seu manejamento mais fácil. Além disso ela pode ser um objeto “rústico” em comparação a um GPS, mas é um objeto de tamanha eficiência sendo usado corretamente, podendo te livrar de uma fria caso seu GPS lhe deixe na mão. Fiz uma busca na net sobre um bom texto-manual para explicar seu funcionamento, e segue abaixo, bom estudo!
Navegando com bússola
Antes de usar qualquer bússola, certifique-se de que não há qualquer outro campo magnético próximo ao aparelho. Mantenha uma boa distância de carros, ferramentas grandes de ferro e uma muito boa distância de torres de alta tensão. Há muita discussão sobre o uso da bússola, pois, com um GPS em mãos é muito mais fácil, rápido e eficiente se orientar. Porém, na minha opinião, para nós montanhistas o GPS está para a bússola assim como o Gri-gri está para o nó UIAA. Você tem muitos benefícios usando, mas, quando não tem, precisa se virar e a coisa complica
Sempre tenha uma bússola à mão, não pesa nada e pode salvar a sua vida se você teve problemas com o seu GPS. Acredite, estes são inúmeros. Você pode perdê-lo, a bateria pode acabar, ele pode quebrar, ele pode molhar, etc, etc, etc. Fora às vezes que o GPS decide ´pirar´ por inúmeras razões. Além disso, tem bússolas que vem com espelho e o GPS não...
Há diversos tipos de bússolas. Existem bússolas de R$ 1,99 até bússolas de centenas de dólares. Nós montanhistas porém, só estamos interessados em um tipo, a bússola cartográfica. Mesmo este tipo de bússola tem dezenas de variações, mas todas elas tem o mesmo princípio e acessórios parecidos. Para tornar o artigo mais didático, vou dar as informações a partir de uma bússola Silva Exped. 15TBússolas permitem você fazer muito mais coisas do que você pensa e nem precisam de pilhas! Vamos abordar alguns dos principais procedimentos com bússolas. Para todas as tarefas você precisará do seguinte:
- mapa cartográfico
- 1 bússola
- 1 lápis
- QI igual a 70 ou superior
Encontrando a sua exata posição num mapa
Aponte o corpo da bússola para um dos pontos conhecidos. Se a sua bússola não tem espelho, use a seta de direção do corpo da bússola e aponte ao alvo. Ao encontrar o alvo, mantenha a bússola na horizontal para evitar problemas com a agulha.
Coloque o espelho a mais ou menos 45 graus e gire o limbo até o portão alinhar com a seta de direção. Você usará o reflexo do espelho para esta tarefa. Atenção: Alinhe a ponta do limbo com a parte vermelha ou norte da seta de direção, caso contrário você achará a direção oposta. Se a sua bússola não tem espelho, simplesmente direcione o corpo da bússola com a seta de direção apontada ao alvo e tenha cuidado em mantê-la na horizontal quando você estiver alinhando as setas.
Coloque a bússola no mapa com uma das laterais encostando no ponto encontrado com a frente virada ao mesmo. Mantendo o ponto encostado na lateral, incline o corpo da bússola (mas não gire o limbo) até as linhas meridionais se alinharem com as linhas Norte-Sul do mapa. Pode ser que você precise traçar linhas paralelas no mapa para evitar usar o "olhômetro" nesta tarefa.
Coloque a bússola no mapa com uma das laterais encostando no ponto encontrado com a frente virada ao mesmo. Mantendo o ponto encostado na lateral, incline o corpo da bússola (mas não gire o limbo) até as linhas meridionais se alinharem com as linhas Norte-Sul do mapa. Pode ser que você precise traçar linhas paralelas no mapa para evitar usar o "olhômetro" nesta tarefa.
Novamente, certifique-se que a lateral da bússola e as linhas meridionais estão alinhadas. Passe o lápiz na lateral da bússola. O azimute estará indicado na frente da bússola, anote se você precisar projetar essa direção mais tarde. A sua posição no mapa é em algum ponto nessa reta...
Repita o processo para o segundo encontrado no mapa. Sua posição será onde as duas retas se cruzam. Você pode repetir o processo com outros pontos para aumentar a precisão da sua marcação.
Repita o processo para o segundo encontrado no mapa. Sua posição será onde as duas retas se cruzam. Você pode repetir o processo com outros pontos para aumentar a precisão da sua marcação.
Encontrando a direção para um ponto desconhecido no mapa
Se você não sabe a direção a um objeto, você precisa transferir o azimute do mapa para a bússola, assim você acha onde este objeto fica na vida real.
- Você precisa encontrar a sua posição no mapa e a posição do objeto onde você está indo
- Marque então uma reta entre a sua posição e a posição do seu objeto de destino
- Coloque a lateral da bússola nesta linha. Lembre-se que o corpo da bússola deve estar apontado para a direção que você está viajando no mapa.
- Segure a bússola com firmeza e gire o limbo da bússola até as linhas meridionais se alinharem com as do mapa.
- O seu azimute estará marcado na frente da bússola em graus entre 1 e 360 graus
- tire a bússola do mapa e gire o corpo (não o limbo) da bússola até a seta de orientação se alinhar com o portão
- A frente da bússola estará apontando ao seu destino
- Você precisa encontrar a sua posição no mapa e a posição do objeto onde você está indo
- Marque então uma reta entre a sua posição e a posição do seu objeto de destino
- Coloque a lateral da bússola nesta linha. Lembre-se que o corpo da bússola deve estar apontado para a direção que você está viajando no mapa.
- Segure a bússola com firmeza e gire o limbo da bússola até as linhas meridionais se alinharem com as do mapa.
- O seu azimute estará marcado na frente da bússola em graus entre 1 e 360 graus
- tire a bússola do mapa e gire o corpo (não o limbo) da bússola até a seta de orientação se alinhar com o portão
- A frente da bússola estará apontando ao seu destino
Ao ter chegado ao seu objetivo, você querer voltar
Você pode adquirir o azimute inverso simplesmente pegando a direção oposta no mapa ou pode calculá-la usando o azimute com que você chegou ao objetivo:
se azimute < 180 graus = + 180
se azimute > 180 graus = - 180
Agravantes
Você deve estar muito feliz em poder navegar com uma simples bússola. Mas espere pois eu guardei a pior parte para o final:
Declinação Magnética
Acontece que o lugar que a agulha da bússola aponta é o norte magnético e não o norte geográfico que atualmente estão a mais de 1800 km um do outro. Por causa dessa distância, é preciso aplicar uma pequena correção em bússolas para evitar erros de navegação.
Declinação magnética é portanto o angulo entre a direção apontada ao norte pela agulha de sua bússola em determinado local e o norte geográfico. O nosso grande problema é que este resultado muda totalmente de um lugar para o outro e com a passagem de tempo! Isso mesmo, o norte magnético nunca está parado. Isso faz com que a declinação mude mais ou menos 2,5 graus a cada 100 anos.
As mudanças na declinação de acordo com o terreno se devem não só a posição do norte magnético, mas também às reservas de ferro e outros materiais no subsolo. Isso explica porque a declinação chega a ser tão diferente em regiões relativamente próximas.
As mudanças na declinação de acordo com o terreno se devem não só a posição do norte magnético, mas também às reservas de ferro e outros materiais no subsolo. Isso explica porque a declinação chega a ser tão diferente em regiões relativamente próximas.
Mudanças na declinação magnética dos últimos 500 anos
Na prática
Se você está na Patagônia onde a declinação é mais ou menos de 15º leste e quer viajar para Fortaleza, onde a declinação magnética é de 21º 24´ oeste vai ter que ajustar a sua bússola. Caso contrário, você terá mais de 36 graus de margem de erro quando transferir uma coordenada da bússola para o mapa e vice versa. Pode até errar de cidade!
Sinto muito, você vai ter que ajustar a sua bússola em cada lugar do mundo que for. O problema é que algumas bússolas não oferecem a opção de ajustar a declinação. Estas são "travadas" para a declinação da data e local que foram fabricadas e você vai ter que adicionar ou subtrair graus do azimute cada ver que estiver trabalhando com a bússola.
Sinto muito, você vai ter que ajustar a sua bússola em cada lugar do mundo que for. O problema é que algumas bússolas não oferecem a opção de ajustar a declinação. Estas são "travadas" para a declinação da data e local que foram fabricadas e você vai ter que adicionar ou subtrair graus do azimute cada ver que estiver trabalhando com a bússola.
Como minha bússola permite fazer isso, vou ajustar a declinação dela:
Eu estava no sul da patagônia - Declinação: 15º Leste
E fui para fortaleza - Declinação: 21º 24´ Oeste
Após ter ajustado a declinação magnética de determinado lugar, você pode alinhar a seta de orientação com o portão, a frente da bússola ou a seta de direção indicará o norte geográfico (algumas bússolas vêm com uma seta de direção)
E como consigo a declinação magnética?
Você pode obtê-la do site da NGDC a partir das suas coordenadas geográficas:
http://www.ngdc.noaa.gov/geomagmodels/Declination.jsp
Ou no canto da maioria dos mapas cartográficos:
A declinação geralmente vai aparecer em graus e a direção da correção que pode ser Leste (+) ou Oeste (-), portanto: 15ºO é o mesmo que -15º, ou 15 graus anti-horários
Dip
O norte magnético não influencia a agulha da bússola somente na horizontal, também o faz na vertical. Quanto mais perto do foco de atração (o Norte magnético), a agulha da bússola se inclina cada vez para baixo. Este fenômeno é chamado dip. Para compensar este fenômeno, alguns fabricantes desbalanceiam as agulhas intencionalmente. Boa parte destes está balanceado somente para um hemisfério e pode passar uma leitura errada se usado em outro hemisfério. Algumas bússolas são marcadas como ´globais´ e não são afetadas pelo dip. Teste a sua bússola enquanto você ainda estiver numa cidade após ter mudado de hemisfério.
E do que tudo isto vai servir?
Alguns realmente gostam e preferem a navegação com bússolas em vez de GPS. Aos que preferem o GPS tentem usar a bússola pelo menos em um trekking ou escalada para praticar. É bem provável que você somente vai precisar de uma bússola durante uma emergência. Garanto que a teoria não vai adiantar de nada se você não praticar.
Quando emergências acontecem não estamos no momento mais brilhante de nossas vidas e não vamos conseguir raciocinar como conseguimos aqui sentados na frente de um computador.
Texto: Maximo Kausch
FONTE: http://altamontanha.com/colunas.asp?newsID=1289
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