sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Como usar uma bússola?

A bússola é um objeto muito eficiente, mas confesso que é bastante difícil de usar, mas nada melhor do que treinar para aperfeiçoar o seu uso e para deixar o seu manejamento mais fácil. Além disso ela pode ser um objeto “rústico” em comparação a um GPS, mas é um objeto de tamanha eficiência sendo usado corretamente, podendo te livrar de uma fria caso seu GPS lhe deixe na mão. Fiz uma busca na net sobre um bom texto-manual para explicar seu funcionamento, e segue abaixo, bom estudo!

Navegando com bússola

Antes de usar qualquer bússola, certifique-se de que não há qualquer outro campo magnético próximo ao aparelho. Mantenha uma boa distância de carros, ferramentas grandes de ferro e uma muito boa distância de torres de alta tensão. Há muita discussão sobre o uso da bússola, pois, com um GPS em mãos é muito mais fácil, rápido e eficiente se orientar. Porém, na minha opinião, para nós montanhistas o GPS está para a bússola assim como o Gri-gri está para o nó UIAA. Você tem muitos benefícios usando, mas, quando não tem, precisa se virar e a coisa complica

Sempre tenha uma bússola à mão, não pesa nada e pode salvar a sua vida se você teve problemas com o seu GPS. Acredite, estes são inúmeros. Você pode perdê-lo, a bateria pode acabar, ele pode quebrar, ele pode molhar, etc, etc, etc. Fora às vezes que o GPS decide ´pirar´ por inúmeras razões. Além disso, tem bússolas que vem com espelho e o GPS não...
Há diversos tipos de bússolas. Existem bússolas de R$ 1,99 até bússolas de centenas de dólares. Nós montanhistas porém, só estamos interessados em um tipo, a bússola cartográfica. Mesmo este tipo de bússola tem dezenas de variações, mas todas elas tem o mesmo princípio e acessórios parecidos. Para tornar o artigo mais didático, vou dar as informações a partir de uma bússola Silva Exped. 15T

Bússolas permitem você fazer muito mais coisas do que você pensa e nem precisam de pilhas! Vamos abordar alguns dos principais procedimentos com bússolas. Para todas as tarefas você precisará do seguinte:

- mapa cartográfico
- 1 bússola
- 1 lápis
- QI igual a 70 ou superior


Encontrando a sua exata posição num mapa



Você precisa encontrar pelo menos dois pontos na paisagem que possam ser facilmente encontrados no seu mapa. Cumes montanhosos são preferíveis pois se destacam na linha do horizonte, a margem de erro é pequena e quase todos tem nomes e estão mapeados hoje em dia. Para diminuir a margem de erro, estes pontos precisam estar a 60 graus ou mais separados um do outro (60 graus são 2 horas no ponteiro do seu relógio). Marque esses pontos com cruzes no seu mapa.


Aponte o corpo da bússola para um dos pontos conhecidos. Se a sua bússola não tem espelho, use a seta de direção do corpo da bússola e aponte ao alvo. Ao encontrar o alvo, mantenha a bússola na horizontal para evitar problemas com a agulha.


Coloque o espelho a mais ou menos 45 graus e gire o limbo até o portão alinhar com a seta de direção. Você usará o reflexo do espelho para esta tarefa. Atenção: Alinhe a ponta do limbo com a parte vermelha ou norte da seta de direção, caso contrário você achará a direção oposta. Se a sua bússola não tem espelho, simplesmente direcione o corpo da bússola com a seta de direção apontada ao alvo e tenha cuidado em mantê-la na horizontal quando você estiver alinhando as setas.

Coloque a bússola no mapa com uma das laterais encostando no ponto encontrado com a frente virada ao mesmo. Mantendo o ponto encostado na lateral, incline o corpo da bússola (mas não gire o limbo) até as linhas meridionais se alinharem com as linhas Norte-Sul do mapa. Pode ser que você precise traçar linhas paralelas no mapa para evitar usar o "olhômetro" nesta tarefa.


Novamente, certifique-se que a lateral da bússola e as linhas meridionais estão alinhadas. Passe o lápiz na lateral da bússola. O azimute estará indicado na frente da bússola, anote se você precisar projetar essa direção mais tarde. A sua posição no mapa é em algum ponto nessa reta...

Repita o processo para o segundo encontrado no mapa. Sua posição será onde as duas retas se cruzam. Você pode repetir o processo com outros pontos para aumentar a precisão da sua marcação.

Encontrando a direção para um ponto desconhecido no mapa



Se você não sabe a direção a um objeto, você precisa transferir o azimute do mapa para a bússola, assim você acha onde este objeto fica na vida real.

- Você precisa encontrar a sua posição no mapa e a posição do objeto onde você está indo
- Marque então uma reta entre a sua posição e a posição do seu objeto de destino
- Coloque a lateral da bússola nesta linha. Lembre-se que o corpo da  bússola deve estar apontado para a direção que você está viajando no mapa.
- Segure a bússola com firmeza e gire o limbo da bússola até as linhas meridionais se alinharem com as do mapa.
- O seu azimute estará marcado na frente da bússola em graus entre 1 e 360 graus
- tire a bússola do mapa e gire o corpo (não o limbo) da bússola até a seta de orientação se alinhar com o portão
- A frente da bússola estará apontando ao seu destino


Ao ter chegado ao seu objetivo, você querer voltar



Você pode adquirir o azimute inverso simplesmente pegando a direção oposta no mapa ou pode calculá-la usando o azimute com que você chegou ao objetivo:

se azimute < 180 graus = + 180
se azimute > 180 graus = - 180


Agravantes



Você deve estar muito feliz em poder navegar com uma simples bússola. Mas espere pois eu guardei a pior parte para o final:


Declinação Magnética



Acontece que o lugar que a agulha da bússola aponta é o norte magnético e não o norte geográfico que atualmente estão a mais de 1800 km um do outro. Por causa dessa distância, é preciso aplicar uma pequena correção em bússolas para evitar erros de navegação.


Declinação magnética é portanto o angulo entre a direção apontada ao norte pela agulha de sua bússola em determinado local e o norte geográfico. O nosso grande problema é que este resultado muda totalmente de um lugar para o outro e com a passagem de tempo! Isso mesmo, o norte magnético nunca está parado. Isso faz com que a declinação mude mais ou menos 2,5 graus a cada 100 anos.

As mudanças na declinação de acordo com o terreno se devem não só a posição do norte magnético, mas também às reservas de ferro e outros materiais no subsolo. Isso explica porque a declinação chega a ser tão diferente em regiões relativamente próximas.



Mudanças na declinação magnética dos últimos 500 anos



Na prática



Se você está na Patagônia onde a declinação é mais ou menos de 15º leste e quer viajar para Fortaleza, onde a declinação magnética é de 21º 24´ oeste vai ter que ajustar a sua bússola. Caso contrário, você terá mais de 36 graus de margem de erro quando transferir uma coordenada da bússola para o mapa e vice versa. Pode até errar de cidade!

Sinto muito, você vai ter que ajustar a sua bússola em cada lugar do mundo que for. O problema é que algumas bússolas não oferecem a opção de ajustar a declinação. Estas são "travadas" para a declinação da data e local que foram fabricadas e você vai ter que adicionar ou subtrair graus do azimute cada ver que estiver trabalhando com a bússola.


Como minha bússola permite fazer isso, vou ajustar a declinação dela:





Eu estava no sul da patagônia - Declinação: 15º Leste





E fui para fortaleza - Declinação: 21º 24´ Oeste



Após ter ajustado a declinação magnética de determinado lugar, você pode alinhar a seta de orientação com o portão, a frente da bússola ou a seta de direção indicará o norte geográfico (algumas bússolas vêm com uma seta de direção)


E como consigo a declinação magnética?


Você pode obtê-la do site da NGDC a partir das suas coordenadas geográficas:

http://www.ngdc.noaa.gov/geomagmodels/Declination.jsp

Ou no canto da maioria dos mapas cartográficos:


O norte verdadeiro geralmente aparece numa rosa dos ventos e o norte magnético geralmente aparece assinalado como "MN" (magnetic north)

A declinação geralmente vai aparecer em graus e a direção da correção que pode ser Leste (+) ou Oeste (-), portanto: 15ºO é o mesmo que -15º, ou 15 graus anti-horários


Dip



O norte magnético não influencia a agulha da bússola somente na horizontal, também o faz na vertical. Quanto mais perto do foco de atração (o Norte magnético), a agulha da bússola se inclina cada vez para baixo. Este fenômeno é chamado dip. Para compensar este fenômeno, alguns fabricantes desbalanceiam as agulhas intencionalmente. Boa parte destes está balanceado somente para um hemisfério e pode passar uma leitura errada se usado em outro hemisfério. Algumas bússolas são marcadas como ´globais´ e não são afetadas pelo dip. Teste a sua bússola enquanto você ainda estiver numa cidade após ter mudado de hemisfério.


E do que tudo isto vai servir?



Alguns realmente gostam e preferem a navegação com bússolas em vez de GPS. Aos que preferem o GPS tentem usar a bússola pelo menos em um trekking ou escalada para praticar. É bem provável que você somente vai precisar de uma bússola durante uma emergência. Garanto que a teoria não vai adiantar de nada se você não praticar.


Quando emergências acontecem não estamos no momento mais brilhante de nossas vidas e não vamos conseguir raciocinar como conseguimos aqui sentados na frente de um computador.
PRATIQUE!

Texto: Maximo Kausch


FONTE: http://altamontanha.com/colunas.asp?newsID=1289

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